Saiba quem é o juiz que pode mandar Bolsonaro para a prisão

Jair Bolsonaro está no centro de um julgamento que já é chamado de “histórico” por muitos analistas políticos e até por gente comum nas redes sociais. Acusado de tentar articular um golpe de Estado, o ex-presidente se vê diante não apenas do escrutínio da imprensa e da opinião pública, mas principalmente do peso da decisão de cinco magistrados que, em última instância, podem definir o futuro político dele.

Os nomes desses juízes já viraram manchete: Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Flávio Dino e Cármen Lúcia. Eles compõem a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) e terão a missão de bater o martelo nesse caso que divide opiniões de norte a sul do Brasil.

Entre todos, quem mais chama atenção é Alexandre de Moraes. Figura controversa, amado por uns e odiado por outros, ele ganhou destaque não só dentro do país, mas também fora dele. Já esteve no centro de atritos diplomáticos com os Estados Unidos, chegou a enfrentar críticas duríssimas de Donald Trump e, mais recentemente, entrou em rota de colisão com Elon Musk, numa daquelas tretas que começam no Twitter e viram notícia internacional. No Brasil, muita gente o enxerga como o “homem sem medo” do STF. Bolsonaro, Trump, Musk… nenhum desses nomes parece intimidar o ministro, que já acumulou dezenas de processos polêmicos em sua mesa, numa trajetória relativamente curta mas cheia de episódios marcantes.

Mas como Moraes chegou até aqui?

Formado em Direito pela tradicional Faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo, em 1990, ele não demorou muito para consolidar carreira acadêmica. Dez anos depois já tinha doutorado em Direito do Estado pela mesma instituição e acabou se tornando professor titular. Paralelamente, em 1991 iniciou sua carreira como procurador do Ministério Público. Quase duas décadas depois abriu seu próprio escritório de advocacia, estampando o sobrenome na porta.

O passo seguinte foi a política. Moraes assumiu cargos importantes no governo paulista, primeiro como secretário da Justiça e Defesa da Cidadania, depois como secretário de Segurança Pública, nomeado pelo então governador Geraldo Alckmin, em 2014. Essa experiência prática na administração pública preparou terreno para o salto seguinte.

Em 2016, já em meio à turbulência do impeachment de Dilma Rousseff, Michel Temer assumiu a presidência e chamou Moraes para ser ministro da Justiça e Segurança Pública. Era um momento conturbado, o país dividido, protestos nas ruas e a Lava Jato sacudindo Brasília. Um ano depois, em 2017, com a morte inesperada do ministro Teori Zavascki num acidente aéreo, Moraes foi indicado para ocupar a vaga no Supremo.

A escolha gerou barulho: críticos da oposição acusaram Temer de colocar no STF alguém alinhado ao PSDB, partido no qual Moraes havia sido filiado. Para muitos, a nomeação tinha mais de política do que de técnica. Ainda assim, ele tomou posse e, desde então, coleciona decisões que marcam a história recente do país.

Agora, no julgamento que envolve Jair Bolsonaro, o peso da biografia de Moraes e dos demais ministros vai se juntar a um ambiente altamente inflamado. As redes sociais fervem, apoiadores e opositores do ex-presidente trocam acusações, e a imprensa internacional acompanha de perto. Não é exagero dizer que o Brasil, mais uma vez, está no centro das atenções mundiais, assim como aconteceu durante as eleições de 2022 e os atos de 8 de janeiro de 2023.

O que vai sair desse julgamento, ninguém sabe ainda. Mas o certo é que cada voto será analisado, discutido e, provavelmente, criticado. Para Bolsonaro, pode significar o fim de qualquer chance de voltar ao Planalto. Para o STF, será mais um teste da sua força institucional. E para a sociedade, resta acompanhar com a sensação de que estamos vivendo um daqueles capítulos que, daqui uns anos, vai estar nos livros de história.