Selton Mello quebra o protocolo e revela problemas com autoestima: “Muito feio”

Ao celebrar quatro décadas de uma carreira multifacetada na TV e no cinema brasileiro, Selton Mello presenteia seus fãs e admiradores com a biografia “Eu Me Lembro”. Lançada em um momento de reflexão e comemoração, a obra mergulha nas memórias do renomado artista, trazendo à tona não apenas sua trajetória profissional, mas também aspectos pessoais e privados que o público raramente teve a oportunidade de conhecer.

A narrativa, conduzida em primeira pessoa e moldada por uma série de perguntas formuladas por um elenco de estrelas da TV, teatro, cinema e literatura, incluindo Fernanda Montenegro, Lázaro Ramos, Zuenir Ventura e Marjorie Estiano, revela um Selton Mello introspectivo e disposto a compartilhar desabafos até então guardados com zelo.

Dentre os elementos que compõem as páginas de “Eu Me Lembro”, os relatos do artista sobre os personagens que interpretou, dirigiu e dublou destacam-se. Nesses relatos, Selton Mello não apenas compartilha os bastidores das gravações, mas também desvenda as técnicas utilizadas para dar vida a seus trabalhos, proporcionando aos leitores uma visão única e aprofundada do processo criativo por trás de suas performances marcantes.

Um dos momentos mais marcantes do livro é a revelação dos bastidores do filme “O Palhaço”, no qual Selton Mello assumiu a cadeira de diretor e trabalhou com o lendário ator Paulo José, já debilitado pelo Parkinson. A experiência é descrita com uma mistura de emoção e desafio, revelando não apenas a habilidade técnica do artista, mas também sua capacidade de lidar com situações complexas e sensíveis.

Os leitores também têm a oportunidade de se deparar com três cadernos de fotografias, um acréscimo visual que enriquece a narrativa. Mais de 70 fotos capturam momentos distintos da vida de Selton Mello, proporcionando uma visão visualmente rica e cronológica de sua jornada artística e pessoal.

Ainda no livro, Selton Mello revela ter tido problema com sua autoestima: “Namorei pouco [na adolescência]. Tive aquelas paixonites pelas meninas lindas da escola, mas nem falava nada com elas, elas nem reparavam em mim, eu me sentia muito inadequado. [Eu] não tinha traquejo. Zero confiança, achava que não tinha nenhum jeito para aquilo, me achava muito ruim, me achava muito equivocado, muito feio, todo errado“, escreveu o ator.

Contudo, é nos desabafos pessoais que “Eu Me Lembro” atinge sua profundidade mais significativa. Ao revelar ter enfrentado problemas com sua autoestima durante a adolescência, Selton Mello se desnuda diante do público, compartilhando suas inseguranças e sentimentos de inadequação. Essa vulnerabilidade proporciona aos leitores uma conexão mais pessoal com o artista, evidenciando que, por trás do brilho das telas, existe um ser humano comum, repleto de dúvidas e lutas internas.

Outro ponto tocante é o relato sobre a relação de Selton Mello com sua mãe, Selva, afetada pelo Alzheimer. O artista descreve a perda de sua referência mais importante e o desafio de continuar produzindo, mesmo ciente de que ela não poderá testemunhar. Esse exercício de amor e dedicação, permeado pela dor da ausência e pela presença simbólica da mãe dentro dele, adiciona uma dimensão emocional única à biografia.

“Eu Me Lembro” não é apenas um mergulho na vida e na carreira de Selton Mello, mas também uma ode à autenticidade, à superação e à capacidade transformadora da arte. Ao abrir as portas de sua privacidade, o renomado artista convida os leitores a compartilharem não apenas suas realizações, mas também suas vulnerabilidades, criando uma narrativa que ressoa com a autenticidade de uma vida bem vivida.