Sergio Moro se manifesta sobre prisão domiciliar de Bolsonaro

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) resolveu se manifestar sobre a mais recente polêmica que tomou conta do cenário político nacional: a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada por Alexandre de Moraes, ministro do STF. Para Moro, essa decisão foi além da conta e acabou jogando mais lenha na fogueira da já tensa situação política do país.

Segundo o ex-juiz da Lava Jato, o país não precisa de mais tensão, mas sim de equilíbrio. “A ninguém interessa essa escalada de crise institucional”, disse Moro em entrevista a jornalistas nesta quarta (6). Ele não poupou críticas à medida, chamando-a de “desnecessária” e dizendo que ela representa uma forma de censura prévia, já que Bolsonaro estaria sendo impedido até de se defender publicamente.

“Impor o silêncio a um acusado é ultrapassar o limite. Ninguém pode ser proibido de se manifestar, ainda mais alguém que nem sequer foi julgado ainda. Isso fere o direito básico de defesa”, completou o senador, visivelmente incomodado com os desdobramentos do caso.

Em meio a esse turbilhão, Moro ainda fez uma cobrança direta ao STF: que o processo contra Bolsonaro seja transferido para a primeira instância, já que ele não exerce mais o cargo de presidente e, por isso, não tem direito a foro privilegiado.

“Desde o começo eu venho dizendo: esse processo deveria estar tramitando em instância inferior. O STF deveria se abster de julgá-lo nesse momento. Isso só tem causado mais atrito e divisão no país. Já passou da hora de baixar a temperatura”, argumentou o parlamentar.

Mas Moro não parou por aí. Ele ainda relembrou o caso do presidente Lula, que também foi investigado, julgado e preso — e usou isso como exemplo para criticar o tratamento desigual que, segundo ele, está sendo dado a Bolsonaro.

“Olha o que aconteceu com o Lula: foi condenado em primeira instância, preso só depois da condenação na segunda, e mesmo assim com aval do STF. Por que com Bolsonaro é diferente? Isso é um precedente perigoso”, alertou.

O senador também reforçou que, neste momento, o país precisa de mais calma e menos confrontos. “Estamos vivendo uma fase de incertezas, de desconfiança nas instituições. A prisão domiciliar do ex-presidente, ainda que muitos discordem dele politicamente, não ajuda em nada nesse cenário. Muito pelo contrário: só serve pra aumentar a polarização.”

Essa declaração veio num momento em que o clima político anda cada vez mais carregado. A recente entrevista de Bolsonaro, em que ele criticou membros do STF, teria sido a gota d’água para Moraes, que alegou tentativa de “intimidação” do Judiciário — o que justificaria a ordem de prisão domiciliar e a proibição de conceder entrevistas.

A decisão gerou reações de todos os lados. Enquanto aliados de Bolsonaro falam em “perseguição política”, opositores defendem que a Justiça está apenas cumprindo seu papel. No meio dessa disputa, Moro tenta se colocar como uma voz de equilíbrio — embora, claro, não esconda suas críticas.

Por fim, ele mandou um recado direto: “É hora de parar com os excessos. Se queremos preservar a democracia, temos que respeitar as regras do jogo — pra todos os lados.”