O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a ser notícia neste começo de setembro. No último domingo (14), ele precisou ir até um hospital em Brasília para passar por um procedimento médico de retirada de algumas lesões na pele. O boletim divulgado pela equipe de saúde informou que foi feita uma exérese cirúrgica, que nada mais é do que a remoção de pintas ou outras marcas cutâneas suspeitas. Quem deu a informação primeiro foi o portal G1.
Por estar em prisão domiciliar desde o dia 4 de agosto, Bolsonaro só pôde se deslocar até a unidade hospitalar após receber uma autorização do ministro Alexandre de Moraes, do STF. O trajeto até o hospital contou com um forte esquema de escolta: seis motos e seis carros da polícia penal acompanharam o ex-presidente, numa cena que chamou bastante atenção de quem passava pelo local.
Segundo a defesa, Bolsonaro precisava retirar lesões descritas como “nevo melanocítico do tronco” e também uma “neoplasia de comportamento incerto da pele”. Termos que, em resumo, significam pintas ou marcas que podem até parecer comuns, mas que, dependendo do caso, podem levantar suspeitas de doenças mais sérias.
A dermatologista Paula Yume explicou que o nevo melanocítico geralmente é benigno, mas pode causar preocupação quando muda de cor, forma ou até começa a sangrar. Já a neoplasia de comportamento incerto é ainda mais delicada, porque não há como afirmar só olhando se é algo inofensivo ou se pode evoluir para um câncer. Por isso, o material retirado do corpo de Bolsonaro será encaminhado para biópsia, e só assim os médicos terão um diagnóstico mais preciso.
Entre os riscos está o melanoma, considerado o tipo mais agressivo de câncer de pele. Ele surge quando há uma multiplicação descontrolada das células chamadas melanócitos. Pode nascer a partir de uma pinta já existente ou aparecer do nada, como uma nova lesão. De acordo com dados médicos, a maioria dos casos (algo entre 70% e 80%) aparece de forma espontânea, sem relação com marcas que a pessoa já tinha.
Apesar de representar menos de 5% dos diagnósticos de câncer de pele, o melanoma é o que mais mata. Os tipos mais comuns, porém, são outros: o carcinoma basocelular, que responde por cerca de 80% dos casos e raramente se espalha para outros órgãos, e o carcinoma espinocelular, responsável por aproximadamente 20% dos diagnósticos e com um comportamento mais agressivo, já que pode atingir outras partes do corpo.
Essa não foi a primeira vez que Bolsonaro precisou passar por retirada de lesões. No domingo (14), por exemplo, foram oito no total, espalhadas pelo tronco e pelo braço direito. Agora, os médicos aguardam o resultado da biópsia para definir se será necessário um tratamento complementar.
O boletim médico também revelou outros problemas de saúde. O ex-presidente está com anemia e, recentemente, teve um quadro de pneumonia causada por broncoaspiração. Para controlar a anemia, ele recebeu ferro diretamente na veia, por via endovenosa.
Esse conjunto de diagnósticos reforça a preocupação em torno do estado de saúde de Bolsonaro, que nos últimos anos já havia enfrentado uma série de internações, principalmente em razão das complicações decorrentes da facada sofrida em 2018, durante a campanha eleitoral.
Entre apoiadores, a notícia gerou um misto de apreensão e solidariedade, com muitos desejando melhora rápida. Já críticos aproveitaram para levantar questionamentos sobre o tratamento especial recebido pelo ex-presidente, inclusive no que diz respeito às autorizações judiciais e ao aparato de escolta.
No fim das contas, o que se aguarda agora é o resultado da biópsia, que deve indicar se as lesões eram benignas ou se exigem cuidados mais sérios. Até lá, o estado de saúde de Bolsonaro segue sob observação, com novos desdobramentos podendo surgir a qualquer momento.