A italiana Federica Matricardi contou ao programa Fantástico, no último domingo, sobre os instantes finais ao lado de Juliana Marins, a jovem brasileira de 26 anos que acabou falecendo após uma queda trágica no Monte Rinjani, na Indonésia. O caso, que comoveu turistas e locais, ganhou destaque após dias de buscas intensas pela brasileira, que estava desaparecida desde sábado (21).
Juliana, que viajava sozinha pela Ásia, era conhecida entre amigos como uma alma livre e aventureira. Segundo Federica, as duas se conheceram casualmente no dia anterior ao passeio no vulcão. “A gente tava no mesmo grupo de trilha e acabou se aproximando. As duas estavam sozinhas, aí uma coisa puxa a outra, né? Conversa vai, conversa vem, viramos companhia uma da outra no caminho”, contou a italiana com um sotaque carregado mas compreensível.
A trilha era puxada. Foram mais de 1.500 metros de subida, e o tempo não ajudava. No cume do vulcão, a neblina cobria a paisagem que tantos sonham em ver. “A gente até gravou um vídeo rindo da situação, dizendo que depois de tanto esforço, só tinha nuvem pra ver. Foi engraçado na hora… Agora é triste lembrar”, disse Federica, visivelmente abalada.
Acidente aconteceu em trecho difícil da trilha
O acidente ocorreu quando o grupo já estava descendo o vulcão. Juliana seguia mais atrás, acompanhada de um guia. O terreno era escorregadio e cheio de pedras soltas, segundo relatos. Federica contou que, em um momento, Juliana acabou ficando um pouco afastada do grupo, e foi quando tudo aconteceu.
“Foi tudo muito rápido. Só ouvi alguém gritando, aí a gente parou. Disseram que uma moça tinha caído… mas só mais tarde que soube que era a Juliana. Foi um choque. Parecia que o chão tinha sumido”, relembra a turista italiana.
A busca por Juliana durou quatro dias. Ela foi encontrada apenas na terça-feira (24), por um grupo de turistas que sobrevoava a área com um drone. Seu corpo estava preso entre pedras, numa parte bem inclinada do penhasco. Vestia roupas simples — calça jeans, camiseta, luvas e um par de tênis. Uma imagem que ficou marcada pra quem participou da procura.
Trilha tem histórico de acidentes
O Monte Rinjani é um destino popular entre mochileiros, e também conhecido pelos perigos. Segundo dados do governo da Indonésia divulgados em março de 2025, somente neste ano, oito pessoas já morreram e outras 180 ficaram feridas em acidentes nas trilhas do parque nacional onde o vulcão fica.
Apesar da vista impressionante e do ar aventureiro que o local atrai, a trilha exige preparo físico e atenção redobrada. “Não é passeio de domingo, não”, comentou um guia local ouvido pela reportagem. “Tem trecho que um passo em falso custa a vida.”
O corpo de Juliana foi levado para uma vila próxima, onde aguardava os trâmites para ser repatriado ao Brasil. Amigos e familiares se mobilizaram nas redes sociais, pedindo apoio do Itamaraty e deixando mensagens de carinho e saudade.
Federica, que retornou para a Europa após o acidente, ainda tenta lidar com o trauma. “Eu conheci ela por tão pouco tempo, mas a energia dela era muito forte. É difícil explicar, mas ela deixou uma marca. Não dá pra esquecer.”