Em uma recente entrevista à CNN, o renomado diretor Walter Salles compartilhou detalhes sobre a produção do filme “Ainda Estou Aqui”, ressaltando sua ligação com o retorno da democracia ao Brasil após as eleições de 2022. Durante a conversa com a jornalista Christiane Amanpour, Salles revelou que a jornada para concretizar o filme foi longa e desafiadora, levando sete anos para ser concluída. O diretor explicou que esse período abrangeu três anos dedicados à pesquisa minuciosa para retratar fielmente a família e a cultura envolvidas na trama.
Salles enfatizou que a conjuntura política do Brasil foi um fator determinante no processo de produção. Ele mencionou que o país passou por um período de extrema-direita que dificultou a realização do filme, tornando-o um reflexo do contexto democrático que começava a se restabelecer. A narrativa do filme ganhou ainda mais relevância diante da revelação de um plano de golpe de Estado frustrado durante as eleições presidenciais, trazendo à tona a urgência e atualidade do enredo.
O diretor destacou a evolução da percepção em relação à obra, inicialmente vista como uma reflexão do passado histórico do Brasil, mas que se revelou uma poderosa representação do presente. Salles ressaltou como a equipe e os atores se uniram em torno da temática contemporânea abordada, transformando o filme em um espelho dos desafios e dilemas enfrentados pela sociedade atualmente.
“Ainda Estou Aqui”, baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, narra a história verídica da família do escritor em meio à ditadura militar, focando na figura de Eunice Paiva, que assume o protagonismo ao buscar seu marido desaparecido e cuidar dos filhos. Eunice se tornou um símbolo de resistência ao regime, destacando-se por sua luta pelos direitos das comunidades indígenas e sua atuação como advogada.
O filme está cotado para concorrer ao Oscar 2025 em três categorias importantes: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda Torres sendo apontada como forte candidata ao prêmio. A premiação está agendada para o dia 2 de março, gerando expectativas sobre o reconhecimento que a obra poderá receber.
“Ainda Estou Aqui” transcende a mera narrativa histórica ao se tornar um espelho da realidade contemporânea do Brasil, abordando questões atemporais e relevantes para a sociedade. A trajetória do filme, marcada por desafios e superações, reflete não apenas um capítulo do passado do país, mas também uma reflexão sobre o presente e os caminhos para o futuro.
Em suma, a obra de Salles e sua equipe não apenas resgata memórias e histórias familiares, mas também lança luz sobre a resistência, a esperança e a resiliência diante das adversidades políticas e sociais. “Ainda Estou Aqui” se apresenta como mais do que um filme, mas como um testemunho do poder do cinema em revelar as complexidades e nuances da condição humana em meio a tempos turbulentos.