Caso Juliana: polícia indonésia ouve guia e outras testemunhas em investigação de possível negligência em trilha ao vulcão

O caso da jovem publicitária Juliana Marins, de 26 anos, que morreu durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, tem ganhado novas camadas e pode até virar pauta internacional. O guia que estava acompanhando Juliana no momento do ocorrido já foi ouvido pelas autoridades locais, segundo informou a agência de notícias Tribrata Aktual e Faktual, um portal que cobre a região de Lombok Oriental.

A polícia de lá quer entender se a morte dela foi apenas uma tragédia ou se há algum elemento criminoso envolvido, o que não foi descartado até agora. Além do guia, outras pessoas ligadas à agência de turismo responsável pelo passeio foram chamadas pra depor, incluindo o carregador que levava os pertences do grupo e até um policial florestal que atua naquela área.

As autoridades estão tentando montar a cronologia dos fatos e ouvir todas as testemunhas possíveis. A Embaixada do Brasil na Indonésia está acompanhando de perto o caso. Um delegado local chegou a declarar: “Ainda não temos nenhum suspeito. Estamos focando na coleta de informações e nos depoimentos.”

Enquanto isso, aqui no Brasil, o caso também se desenrola. A família de Juliana solicitou uma nova autópsia, que deve acontecer assim que o corpo chegar ao país — o translado estava previsto para esta terça-feira, 1º de julho, mais de uma semana depois do ocorrido. A ideia é confirmar com precisão o horário da morte e se houve falha no socorro prestado pelas autoridades indonésias. Essa segunda autópsia, segundo a Defensoria Pública da União (DPU), pode ser crucial para decidir se haverá um pedido formal de investigação internacional.

Taísa Bittencourt, defensora regional dos Direitos Humanos da DPU, disse em entrevista ao g1 que ainda é cedo pra tirar conclusões definitivas. “Estamos esperando o laudo das autoridades indonésias. Só depois disso é que vamos traçar os próximos passos. A decisão da nova autópsia partiu da família, e a gente vai apoiá-los conforme o resultado”, afirmou.

Aliás, a própria Advocacia-Geral da União (AGU) entrou na jogada e solicitou à Justiça Federal uma audiência urgente junto com a DPU e o governo do Rio de Janeiro. A intenção é garantir que o novo exame no corpo seja feito de forma adequada e dentro dos padrões brasileiros.

Vale lembrar que, por não haver uma estrutura federal especializada no Rio de Janeiro pra esse tipo de perícia, a DPU pediu que o exame seja feito no Instituto Médico-Legal (IML) da capital, até seis horas após o desembarque do corpo. Ou seja, o tempo é curto e a precisão será essencial.

Mesmo sendo um caso ocorrido fora do país, a Justiça brasileira pode sim investigar com base no artigo 7º do Código Penal, que trata de crimes cometidos contra brasileiros no exterior. Se for constatado que houve omissão ou negligência no atendimento à Juliana, o Brasil poderá levar o caso até a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que fica em Washington, nos Estados Unidos.

Do lado indonésio, as investigações continuam. Testemunhas já foram ouvidas e o local onde Juliana foi encontrada passou por perícia. As autoridades querem entender se houve falha na logística do passeio, negligência por parte da agência ou até mesmo algo mais grave.

Por enquanto, a dor da família é enorme, e o sentimento geral é de indignação. A morte de Juliana escancarou os riscos de turismo de aventura mal supervisionado, especialmente em lugares onde a estrutura pode ser falha. A verdade, seja ela qual for, precisa vir à tona — e, com sorte, trará um pouco de paz a quem ficou.