Em podcast, Lula rompe o silêncio e fala sobre eleições de 2026: ‘Eu vou ganhar’

Na última semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou novamente do podcast Mano a Mano, apresentado pelo rapper Mano Brown. Foram quase duas horas de conversa solta, em que Lula falou sobre política, economia, redes sociais e, claro, seu próprio governo. Aliás, foi a segunda vez que ele participou do programa, mas dessa vez o papo foi mais longo e direto.

Logo no começo da entrevista, Lula deixou claro que, na visão dele, a regulamentação das redes sociais deve mesmo acabar saindo pelas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF), e não do Congresso. O motivo? Segundo ele, o Congresso tá muito exposto às pressões das big techs, empresas que, nas palavras do presidente, têm poder demais e influenciam decisões.

— O Congresso é mais vulnerável à pressão das empresas do setor. É por isso que acredito que o STF vai acabar decidindo — comentou.

Durante a entrevista, Lula também fez questão de defender sua gestão, mas admitiu que nem todos os avanços chegaram de fato na vida das pessoas. Ele citou o crescimento da indústria e o aumento no número de empregos, mas disse que esses resultados ainda precisam aparecer na mesa do povo, literalmente.

— A indústria tá crescendo, o emprego aumentou, mas o povo ainda tá sofrendo. Por isso trocamos a comunicação do governo. Agora a missão é baixar o preço do ovo, do café… pra que as conquistas cheguem na mesa da população — disse, num tom até meio confessional.

Lula não deixou de tocar também num ponto delicado: a dificuldade que enfrenta com o Congresso. Segundo ele, a falta de maioria atrapalha bastante a aprovação de pautas importantes. E ainda fez uma crítica ao chamado “orçamento secreto”, que ele classifica como herança do governo anterior.

— A gente não consegue acabar com o orçamento secreto porque não temos maioria no Congresso. Mas já conseguimos um acordo pras emendas parlamentares irem pra projetos do governo — afirmou.

Mesmo assim, essa semana, o governo liberou mais de R$ 1 bilhão em emendas — o que gerou questionamentos até dentro da base aliada. Lula, porém, não se estendeu muito sobre esse tema durante a entrevista.

Quando Mano Brown perguntou sobre 2026, Lula foi direto: se estiver bem de saúde, vai disputar sim. E aproveitou pra mandar um recado pra possíveis adversários.

— Eu vejo a extrema-direita falando em Tarcísio, Ratinho, Caiado… Podem falar quem quiserem. Mas quem vier vai ter que fazer mais do que eu fiz — disparou, com aquele tom típico dele, meio desafiador.

Sobre economia, o presidente também comentou brevemente a tentativa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Segundo Lula, Haddad “fez o certo”, mas ele preferiu não se aprofundar no tema.

O episódio teve repercussão nas redes, principalmente entre os jovens. Alguns elogiaram o tom mais informal da conversa, outros criticaram o presidente por não assumir algumas contradições do governo. O próprio Brown pareceu satisfeito com o papo, que dessa vez teve mais profundidade do que o anterior.

Seja como for, a entrevista mostra que Lula segue firme na estratégia de se comunicar diretamente com o povo, passando por fora dos canais tradicionais. E, em tempos onde redes sociais ditam o ritmo do debate público, isso pode fazer toda a diferença.