Ex-ministro de Bolsonaro, Gilson Machado, é preso em Pernambuco

A sexta-feira, dia 13 de junho, começou agitada em Recife (PE). Quem achava que seria só mais um dia comum no noticiário político se surpreendeu com a prisão do ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, pela Polícia Federal. A operação ocorreu logo nas primeiras horas da manhã, num desdobramento de investigações que vêm ganhando força nos bastidores de Brasília.

Tudo gira em torno de uma suspeita bastante séria: segundo a Polícia Federal, Gilson teria tentado facilitar a saída do país de ninguém menos que o tenente-coronel Mauro Cid — sim, o mesmo que já foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e está envolvido em diversas investigações pesadas, inclusive sobre fraudes em cartões de vacinação e tentativas de golpe.

A cronologia do caso aponta que, no dia 12 de maio, Gilson Machado teria ido pessoalmente até o consulado de Portugal no Recife para tentar conseguir um passaporte português para Mauro Cid. A ideia, pelo que aponta o inquérito, era garantir que o ex-ajudante pudesse deixar o Brasil discretamente, talvez escapando do cerco judicial que se fecha sobre ele desde o início do ano passado.

Mas não deu certo. O passaporte não foi concedido e a tentativa acabou frustrada. Mesmo assim, a Polícia Federal alertou que Machado poderia estar buscando outras vias, como contatos em outros consulados ou embaixadas, para tentar novamente viabilizar a fuga de Cid do país. A investigação entende que há indícios de que essa atuação não tenha sido um ato isolado.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) entrou em cena na terça-feira, dia 10, e enviou uma manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo autorização para aprofundar a investigação contra o ex-ministro. O documento menciona a necessidade de medidas como busca e apreensão, além da quebra dos sigilos telefônico e de mensagens de Gilson Machado. O pedido foi aceito, o que levou à ação policial desta sexta.

Vale lembrar que Gilson Machado fez parte do primeiro escalão do governo Bolsonaro e sempre se manteve como figura próxima do ex-presidente, inclusive sendo presença constante em lives, eventos públicos e até no cercadinho do Alvorada. Seu estilo irreverente — com direito a sanfona e cantorias — o tornou conhecido não só no meio político, mas também nas redes sociais.

Agora, o tom mudou. A imagem do ex-ministro animado tocando música nordestina deu lugar a uma cena tensa de condução coercitiva. A prisão preventiva não foi divulgada como definitiva — ou seja, ainda não se sabe se ele continuará preso ou se será liberado após depoimento. No entanto, o episódio agrava o cerco a aliados de Bolsonaro, que vêm sendo alvos constantes de investigações desde o fim do mandato.

Fontes ligadas à defesa de Gilson alegam que ele apenas tentou “ajudar um amigo” e que não houve nenhuma intenção de burlar a Justiça. Ainda assim, o caso complica a situação do ex-ministro, que agora passa a figurar como investigado formalmente por envolvimento em tentativa de evasão de réu do país.

O cenário político anda pegando fogo, e esse é mais um capítulo que pode ter consequências sérias, principalmente se novas provas surgirem nos próximos dias. Brasília segue em alerta — e o consulado de Portugal, aparentemente, já tem história pra contar.