Nos últimos dias, o nome de Marcos Mion tomou conta das redes, mas não foi por algo positivo. O apresentador da Globo se manifestou em defesa do humorista Leo Lins, condenado a mais de 8 anos de prisão por conta de uma piada feita num show. Só que, ao invés de ganhar apoio, Mion acabou sendo duramente criticado, principalmente por ter um filho autista – justamente uma das minorias mais atingidas pelas piadas de Lins.
A coisa virou. Nas redes, principalmente no X (que antigamente era Twitter), muita gente começou a cobrar coerência do apresentador. “Engraçado como o Marcos Mion só vê problema quando é com o filho dele. Mas quando a piada é sobre racismo, assédio ou até sexualização de crianças, ele não se incomoda?”, escreveu um internauta indignado. E essa foi só uma das muitas críticas que surgiram.
Outro comentou algo ainda mais direto: “Se eu fizer um show de humor e incluir seu filho numa piada capacitista, você vai continuar com esse discurso, Mion?”. A revolta foi geral. Teve gente dizendo até que ele foi uma “vergonha” ao tentar justificar o estilo do humorista. “Eu jurava que o Mion ia mandar bem… aí me vem com esse papo de que o Léo Lins é genial”, disparou outro perfil.
No meio dessa polêmica toda, Mion usou seu espaço pra tentar explicar o lado dele. Ele relembrou que trabalhou com Leo Lins no antigo programa “Legendários”, onde o humorista era redator. Segundo ele, Lins sempre teve ideias boas e muita capacidade, mas decidiu seguir o caminho do humor mais ácido, aquele que fere, que choca, que machuca mesmo.
“Leo Lins é um excelente humorista. Mas ele escolheu um tipo de humor que eu não gosto e não respeito. Humor que machuca, que espalha o mal. E tudo bem. Quem não quer ver, não vai ao show”, disse Mion, tentando justificar que o problema não é o estilo do humorista, mas sim a forma como as pessoas reagem a ele.

Apesar de deixar claro que discorda das piadas ofensivas, Mion se posicionou contra a condenação criminal. Ele foi firme: “Eu estou do lado que acha que condenar criminalmente alguém por fazer humor é um ultraje. É um absurdo. Processar? Beleza. Tomar um soco na cara? Pode acontecer. Mas prender? Não faz sentido”.
E aí está o ponto que muita gente não aceitou. A sensação que ficou foi a de que ele passou pano, mesmo tendo um filho com autismo e já tendo se irritado no passado com uma piada de Lins sobre isso. Mion até lembrou desse episódio e classificou o conteúdo como “algum texto de merda”, mas ainda assim, não acha que isso seja motivo pra cadeia.
Esse caso levantou uma discussão que vem crescendo no Brasil: até onde o humor pode ir? Piada tem limite? Quando a liberdade de expressão vira discurso de ódio? E, acima de tudo, quem pode decidir o que é piada e o que é crime?
Enquanto isso, a internet segue pegando fogo, e Marcos Mion, que sempre foi visto como uma voz importante na causa do autismo, agora enfrenta uma enxurrada de críticas. Talvez ele só tenha tentado defender um princípio, talvez tenha se expressado mal. Ou talvez tenha, de fato, dado um tiro no próprio pé.
De qualquer forma, fica a lição: hoje em dia, qualquer opinião – ainda mais vindo de uma figura pública – vai ser analisada no microscópio. E quando o assunto envolve minorias, justiça e humor, o debate fica ainda mais inflamado.