Após 15 anos, mãe de Eliza Samudio terá os objetos pessoais da filha de volta; entenda

Quinze anos se passaram desde o desaparecimento de Eliza Samudio, e ainda hoje a dor continua viva pra Sonia Fátima Moura, mãe da jovem que tinha só 25 anos quando sumiu no dia 4 de junho de 2010. O caso ganhou os noticiários do Brasil inteiro e causou revolta: segundo a Justiça, Eliza foi assassinada, e seu ex-namorado, o então goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes, foi condenado por participação no crime. Ele próprio chegou a confessar envolvimento.

Agora, aos 59 anos, Sonia tenta manter o equilíbrio diante de uma história que até hoje não teve um ponto final. Em entrevista recente ao portal IG, ela contou que, só agora, mais de uma década depois, conseguiu autorização judicial pra recuperar alguns pertences da filha. Não são muitos, mas têm valor emocional imenso: um par de sandálias, um óculos, e até fraldas descartáveis que Eliza tinha guardado do filho, Bruninho, quando ainda era bebê.

“São coisas pequenas, mas que carregam o cheiro, a memória…”, comentou Sonia com a voz embargada.

Na época do crime, Bruno chegou a se entregar à polícia no Rio de Janeiro no dia 9 de julho de 2010 — 29 dias depois do desaparecimento de Eliza — e foi então transferido pra uma prisão em Minas Gerais. Desde então, a vida da família Samudio virou de cabeça pra baixo.

Hoje em dia, Sonia vive no Rio, tentando tocar a vida como dá. Mas confessa que a dor não foi embora. “Ele nunca foi pai”, desabafa, sobre Bruno. “O tempo ajuda a gente a aprender a conviver com a dor, mas ela não some. Tem dias que a gente consegue respirar melhor, em outros, não dá nem pra levantar da cama.”

Bruninho, filho de Eliza com o ex-goleiro, tem crescido sob os cuidados da avó. Já está um rapaz e, segundo Sonia, ama futebol — uma ironia que a vida fez questão de colocar no roteiro. A relação com o pai, por outro lado, nunca existiu. “Ele nunca teve curiosidade de ir atrás. Mas sei que um dia isso vai acontecer. Eu sempre digo pra ele: ‘Em algum momento, o destino vai cruzar o caminho de vocês dois’.”

Além de cuidar do neto, Sonia também se engajou em causas sociais. Participa de grupos que combatem a violência contra a mulher — não só física, mas também psicológica e patrimonial. Recentemente, ela até ajudou na produção de um livro reunindo histórias parecidas com a de Eliza.

“Tem dias em que eu evito ver notícias, mas elas chegam até a gente. Ver mulheres e crianças morrendo… ativa gatilhos. A gente fica mal, volta tudo de novo na cabeça”, disse ela, emocionada.

E como se não bastasse tudo o que já passou, Sonia revelou outro detalhe revoltante: desde setembro de 2022, Bruno não paga a pensão de Bruninho. O valor, que gira em torno de dois salários mínimos, simplesmente parou de cair. “É como se ele tivesse apagado a responsabilidade que nunca quis assumir”, afirmou ela.

Apesar de tudo, Sonia tenta seguir. Com coragem, com fé e com a memória da filha sempre viva no coração. “A gente não supera. Aprende a sobreviver, é diferente. Eliza era cheia de sonhos. Sonhava em criar o filho, seguir com a vida. Tiraram isso dela. Mas eu vou seguir por ela e pelo Bruninho.”