PGR deve pedir hoje condenação de Bolsonaro por plano de golpe

O clima em Brasília anda cada vez mais tenso — e a semana já começa com um dos capítulos mais aguardados da política nacional. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, deve entregar nesta segunda-feira, 14 de julho, suas alegações finais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de ter liderado uma tentativa de golpe de Estado no país.

Esse parecer, que será enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), faz parte da etapa final do processo criminal referente ao chamado “núcleo 1”, um dos principais focos da investigação. Após isso, caberá à Primeira Turma do STF analisar o mérito do caso e decidir o destino de Bolsonaro e de outros envolvidos.

O documento da PGR funciona como um resumo detalhado de tudo o que já foi levantado durante a apuração. Nele, o Ministério Público reconta os principais episódios, fatos e provas que sustentam a acusação. A ideia é convencer os ministros de que há elementos suficientes para uma condenação.

Aliás, não é só um simples resumo — nessas alegações finais, o procurador já pode indicar as penas que julga justas para cada réu. E, no caso de Bolsonaro, a lista de crimes é extensa: tentativa de golpe, abolição violenta do Estado de Direito, formação de organização criminosa, dano qualificado ao patrimônio público e até deterioração de bem tombado.

Se todas essas acusações forem confirmadas, as penas somadas ultrapassam 40 anos de prisão. É muita coisa. Claro que existem fatores atenuantes e agravantes que podem influenciar na pena final, mas o cenário é grave.

Fontes próximas ao procurador disseram que Gonet decidiu não pedir mais prazo ao relator do caso, ministro Alexandre de Moraes. Mesmo assim, vai aproveitar até o último minuto antes de protocolar o parecer.

E a movimentação não para por aí. Assim que o parecer da PGR for protocolado, o próximo passo será dado: Moraes deve intimar o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator central no processo, a apresentar seu próprio memorial de defesa. Ele terá 15 dias pra isso.

As defesas dos outros réus — que também fazem parte do núcleo político e militar investigado — também terão 15 dias corridos, simultaneamente, pra enviar suas alegações finais. Todos vão tentar livrar seus clientes de uma condenação que parece se aproximar a passos largos.

O gabinete do ministro Moraes trabalha com a expectativa de que tudo esteja concluído até 15 de agosto. A partir daí, será dado um prazo de cerca de um mês para que os demais ministros da Primeira Turma do STF analisem o material com calma.

Ou seja: se tudo correr como planejado, o julgamento deve acontecer em meados de setembro. Existe até a possibilidade de sessões extraordinárias serem convocadas pra acelerar o processo. Afinal, o caso é considerado de extrema relevância institucional.

Com o avanço dessa ação, o ex-presidente Jair Bolsonaro vai ficando cada vez mais encurralado. O cenário eleitoral de 2026 — que ele ainda tenta manter em seu radar — pode estar prestes a mudar radicalmente. Agora é esperar os próximos capítulos dessa novela política que ainda promete muitas reviravoltas.