Romário toma medida drástica em relação a Bolsonaro, entenda

Nos últimos dias, um movimento discreto, mas que fez barulho nos bastidores da política, chamou a atenção: o senador Romário (PL-RJ) resolveu seguir um caminho próprio e se afastar, pelo menos nos gestos, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O episódio ganhou força depois que ele não assinou o pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Mas isso foi só a pontinha do iceberg.

Quem acompanha a vida pública de Romário notou outras mudanças sutis — e outras nem tanto. O “Baixinho” deixou de seguir Bolsonaro no Instagram, apagou fotos antigas com o ex-presidente e, curiosamente, até sumiram das redes registros da campanha eleitoral de 2022, quando ele foi eleito senador pelo Rio com apoio declarado de Bolsonaro. Para muitos, isso foi visto como uma espécie de “desconvite” silencioso à antiga parceria.

A situação não passou despercebida. Pelo contrário. Nos últimos dias, as redes sociais se encheram de cobranças para que Romário se posicionasse sobre o caso do impeachment de Moraes. E não foram apenas eleitores comuns. Jair Renan Bolsonaro (PL-SC), vereador e filho do ex-presidente, resolveu provocar com uma cutucada futebolística que viralizou.

— Vai continuar vivendo do gol de 94 ou vai mostrar que também sabe jogar pelo povo? — escreveu Jair Renan, numa alusão ao gol decisivo que deu o tetracampeonato ao Brasil.

Se a ideia era chamar atenção, funcionou. Pouco depois de a imprensa e perfis de política divulgarem que Romário não seguia mais Bolsonaro, o clima nas redes esquentou. O tom das críticas subiu, e expressões como “traidor” começaram a pipocar.

— Romário é um traidor do partido PL e um traidor da pátria. Ano que vem tem eleição, e o povo carioca não vai esquecer disso, não, Romário — disparou um internauta no X (antigo Twitter).

Outra usuária foi mais direta:
— Vamos todos isolar o Romário. Grande jogador, mas um traidor como político.

O episódio reacende um debate recorrente no cenário político brasileiro: até onde vai a fidelidade partidária e onde começa a independência de mandato? Romário, que sempre construiu sua imagem como alguém “fora do sistema” e com fala direta, parece agora viver um momento delicado. Por um lado, parte do eleitorado conservador esperava dele alinhamento total com Bolsonaro. Por outro, sua postura sugere que ele não quer ficar preso a um rótulo ou a uma única liderança.

Vale lembrar que esse tipo de rompimento simbólico não é incomum na política nacional. Nos últimos anos, vários parlamentares que subiram no palanque de Bolsonaro em 2018 ou 2022 depois seguiram caminhos diferentes. Alguns por discordâncias ideológicas, outros por questões estratégicas ou até por divergências pessoais.

No caso de Romário, o distanciamento vem acompanhado de silêncio. Ele não deu entrevistas para explicar o motivo das mudanças nas redes, nem comentou diretamente as provocações de Jair Renan ou as críticas que inundaram seus perfis. Essa ausência de resposta só alimenta as especulações: estaria ele buscando abrir espaço para novas alianças? Ou apenas tentando diminuir a temperatura política, em um momento em que Brasília anda mais parecida com uma panela de pressão?

Enquanto isso, os eleitores observam cada passo. Parte do público segue defendendo o ex-jogador, dizendo que ele tem direito de votar e se posicionar como achar melhor. Outros, especialmente os mais ligados ao bolsonarismo, prometem cobrar o “Baixinho” nas urnas.

Seja qual for a intenção, o fato é que a movimentação de Romário mexeu no xadrez político do PL e trouxe à tona um desconforto dentro da base conservadora. Afinal, em um ano pré-eleitoral, qualquer mudança de lado — ou mesmo de postura — pode significar muito mais do que um simples clique no botão “deixar de seguir”.